As Duas Grandes Questões de Discipulado
Nosso objetivo desejado nos artigos desta revista, que mostram as provas da existência de Deus e da validade da Bíblia, é assegurar, aos que respondem ao chamado de seguir a Jesus, que Deus providenciou ao longo dos tempos uma “trilha espiritual” confiável que nos permite ser discípulos do Mestre e percorrer esse caminho traçado na Bíblia. Mas precisamos entender algo muito básico. Podemos acreditar que Deus existe e que a Bíblia é realmente Sua Palavra inspirada, mas ao mesmo tempo estar espiritualmente paralisados! Por quê? Porque uma Bíblia pessoal que permanece fechada diariamente pode muito bem ser mais um livro qualquer em uma estante.
Permita-me fazer uma pergunta pessoal àqueles que creem em Deus e na Bíblia como Sua revelação escrita. Quando foi a última vez que você abriu sua Bíblia e seu coração e deixou Deus falar diretamente contigo? Apenas seja totalmente sincero na resposta, pois é a partir da sinceridade que se começa qualquer movimento em direção a Deus. A Bíblia está cheia de respostas dEle para você sobre como ter uma vida com propósito. Porém, Jesus Cristo faria a cada um de nós duas perguntas fundamentais. Aliás, não há como fugir dessas simples e profundas indagações dEle.
A forma como você responde a essas duas questões pode determinar se realmente você é ou não discípulo de Jesus Cristo — evidenciando claramente que um Criador incriado interveio em sua vida e fez dela um testemunho para os outros. Você está pronto? A seguir estão as duas grandes questões de discipulado que Jesus faria a você.
“E vós, quem dizeis que Eu sou?”
Exploramos a magnitude da primeira pergunta ao nos juntarmos a Jesus e nossos condiscípulos diante das muralhas rochosas nos arredores de Cesareia de Filipe. E ali ocorre um encontro inquiridor, registrado no Evangelho de Mateus.
“E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? E eles disseram: Uns, João Batista; outros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas. Disse-lhes Ele: E vós, quem dizeis que Eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mateus 16:13-17, grifo nosso).
Observe que Pedro dá uma resposta direta a essa profunda indagação. E essa não foi apenas uma conversa privada entre judeus praticantes, pois aconteceu diante de um imenso penhasco que estava cheio de estátuas pagãs dentro de suas cavernas e fendas. Esse é o momento e o cenário.
Na verdade, a resposta de Pedro e a declaração posterior de Jesus foram dirigidas a toda humanidade. Jesus era tanto o Filho do Homem quanto o Filho de Deus e não apenas mais uma pessoa na linhagem dos profetas. Ele foi enviado pelo Deus vivo e não por ídolos inanimados. E essa foi uma revelação do Alto para Pedro. Deus Pai havia intervindo na vida desse ex-pescador. Doravante, pela graça de Deus, a vida de Pedro seria transformada inextricavelmente.
Aquele que foi apresentado a Pedro e aos outros era a personificação do plano de resgate de Deus revelado pela primeira vez em Gênesis 3:15, que dizia que a Semente da mulher acabaria esmagando a cabeça da serpente. Ele foi o cumprimento da profecia de Deuteronômio 18:15, que revelou que Deus levantaria um Profeta como Moisés (o grande Legislador e Libertador, que livrou os israelitas não apenas da escravidão física, mas também da escravidão espiritual).
Esse é Quem o apóstolo João descreveria apropriadamente na abertura de seu Evangelho nestes termos: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:1, 14).
Esse é Aquele a quem devemos total lealdade e não apenas colocar em um altar junto com outros objetos de adoração, incluindo o ídolo do egocentrismo. Não existe atalhos para a vida eterna! Como Jesus declarou em João 14:6: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por Mim”. E, posteriormente, essa mesma verdade foi declarada por Pedro, que afirmou curar “em nome de Jesus Cristo... E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:10, 12).
Mas será que somente uma resposta oral sobre essa verdade é suficiente? Não! A verdadeira resposta é a que está impressa ou enraizada em nossa vida diária — quando somos guiados pelo Espírito de Deus em cada momento, pensamento, palavra, atitude e ação para seguir o exemplo de Cristo em qualquer situação e assim perseverar com Sua ajuda.
Em sua última noite de existência humana, prestes a enfrentar o que estava por vir, Jesus foi encorajado pelo reconhecimento de Seus seguidores de que Ele era a única Resposta para tudo. Ele orou: “Pai justo, o mundo não Te conheceu; mas Eu Te conheci, e estes conheceram que Tu Me enviaste a Mim. E Eu lhes fiz conhecer o Teu nome e lho farei conhecer mais, para que o amor com que Me tens amado esteja neles, e Eu neles esteja” (João 17:25-26). E isso se conecta fortemente à segunda grande pergunta que Jesus faria a você como seguidor dEle.
"Tu Me amas?"
Você pode até conhecer bem uma pessoa e conversar com ela diariamente, mas isso não significa necessariamente que você tenha um tipo de relacionamento íntimo que Jesus pediu que houvesse entre Ele, nosso Pai Celestial e Seus discípulos — e esse pedido não era apenas em relação a Pedro e seus companheiros, mas também a todos nós.
Após Sua ressurreição, Jesus encontrou Seus discípulos no mar da Galileia (João 21), onde eles tinham recebido o chamado para segui-Lo. De certa forma, a vida é um ciclo contínuo em que Deus volta a nos encontrar onde tudo começou e continua nos sondando para saber se realmente compreendemos o que Ele nos concedeu, além de nos preparar para os próximos passos do discipulado.
E tudo começou naquela praia e foi onde Jesus havia questionado aquele mesmo discípulo que declarou ousadamente que Ele era o Cristo. Mas agora Jesus averigua com mais profundidade o que isso significava para aquele discípulo, especialmente depois de sua negação tríplice na noite em que Ele mais precisou humanamente dele.
Jesus bate várias vezes na porta do coração de Pedro, perguntando: "Tu Me amas?" e o pescador responde: "Tu sabes que te amo!" (João 21:15-17). Provavelmente, esse diálogo ocorreu em aramaico, mas na tradução grega Jesus usa duas vezes a palavra agapao, um termo amplo que exprime o amor que devemos ter para com todas as pessoas, enquanto as respostas de Pedro usam o termo phileo, relacionado ao amor fraternal no sentido familiar — isto é, um sentimento que um irmão tem pelo outro ou que os amigos experimentam entre si.
Ao fazer a mesma pergunta pela terceira vez Jesus agora pressiona Pedro, mas dessa vez perguntando se ele realmente O amava como a um irmão, usando o termo grego phileo. Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado isso pela terceira vez e pelo teor dessa última pergunta. A Escritura afirma que Ele ficou triste (versículo 17) — provavelmente lembrando-se que negou por três vezes seu Senhor e Mestre.
Pedro ficou abatido, mas percebeu que compreendia apenas superficialmente seu chamado, além de, obviamente, estar agindo de forma evasiva — pois isso tinha a ver com um relacionamento baseado no amor incessante, ser acolhido na família divina e contar com a ininterrupta ajuda de Deus. Esse Deus que deve ser respeitado, obedecido e louvado — mas não de longe, pois podemos chamar Deus de “Pai” e Jesus Cristo de “Irmão”. E isso nos remete a esta Escritura: “Andarei no meio de vós e Eu vos serei por Deus, e vós Me sereis por povo” (Levítico 26:12). Na verdade, Eles iriam viver em nós (João 14:23).
Nesse momento, Pedro começaria a compreender, porque desistiu de tentar entender tudo apenas com o raciocínio humano. Então, ele respondeu a Jesus: “Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu Te amo” (21:17). Provavelmente esse foi um momento único e profundo que deu muito mais significado à grande verdade de que “nós O amamos porque Ele nos amou primeiro” (1 João 4:19). Adoramos um Salvador que, como diz o ditado, colocou Sua própria pele em risco e abriu mão de tudo por nossa causa.
Talvez, ao ler este artigo, você também esteja prestes a ter esse encontro cíclico com Cristo e entender o grande amor dEle por você. Entenda que isso é benéfico e faz parte dessa grande peregrinação. Não tenha medo (Deuteronômio 31:6), pois você não está sozinho! Essa batida na porta do seu coração (Apocalipse 3:20) será frequente, assim como deve ser. Pois diante de nós estão essas duas grandes questões de discipulado que temos que responder enquanto seguimos diariamente Àquele que está no alto e que é “o caminho, a verdade e a vida”.
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