Vivendo À Luz da Eternidade!

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Vivendo À Luz da Eternidade!

Temos explorado o assunto da eternidade nos últimos três artigos da coluna “Siga-me”. Até agora, nos concentramos em: 1) uma visão, 2) uma promessa e 3) uma demonstração bíblica do que constitui a eternidade, nosso lar definitivo com Deus.

Mas antes temos coisas muito importantes a fazer! Entrar na eternidade significa que, antes, devemos dar o primeiro passo para sair deste mundo, esta atual era de desgoverno humano, e avançar em direção ao reino prometido por Deus, passo a passo, pessoa a pessoa, coração a coração e necessidade por necessidade e, a princípio, de uma maneira estranha e contrária a nós.

Então, como podemos existir — ou, atrevo-me a dizer, progredir espiritualmente — aqui e agora? Como vivemos hoje à luz da eternidade em um mundo sombrio, que segue seu próprio curso, enquanto Jesus nos diz para segui-Lo e nos direciona para um caminho bem menos percorrido por nossos semelhantes? Vamos começar entendendo a grande luz de Jesus Cristo, que nosso Pai Celestial nos deu para seguirmos em nossa atual esfera de influência — e que nos dá um vislumbre particular do que é realmente a eternidade!

"Haja luz"

É sempre bom começar um livro pelo início para ter uma noção do desenvolvimento dos principais personagens. Então, vamos voltar no tempo e tecer um fio para costurar esta coluna. Gênesis 1:1 nos diz que Deus estava no princípio e que Ele criou os céus e a Terra. Então, após um período de trevas (versículo 2), o primeiro ato na renovação da criação foi esta ordem de Deus: “Haja luz. E houve luz” (versículo 3).

E, no início de seu Evangelho, o apóstolo João identifica o portador incriado dessa luz de Gênesis desta maneira: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens; e a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (João 1:1-5).

Então, no versículo 14, João identifica esse “Verbo”, que estava com Deus Pai, como Jesus Cristo, declarando que Ele é “a verdadeira luz”, e que foi recusado pelo povo que Ele mesmo criou (versículos 9-10).

Ambos os relatos da criação, Gênesis 1 e João 1, enfatizam o contraste entre as trevas e a luz. Esta é uma analogia esquecida por grande parte no mundo desde que Thomas Edison inventou a lâmpada há mais de um século. Pelo menos, até passarmos por uma queda de energia e temos que pegar uma lanterna ou acender uma vela para enxergarmos e nos mover sem tropeçar, diminuindo assim nosso medo do desconhecido. No passado, uma única vela ou lampião a óleo ou a querosene colocado perto da janela de uma casa da zona rural podia penetrar na extrema escuridão do campo como um farol de boas-vindas para qualquer estranho que buscasse se livrar das garras da escuridão.

Em Sua preexistência como o Verbo, Jesus de Nazaré criou a luz. Além disso, Ele proclamou: “Eu sou a luz do mundo; quem Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). A luz e a vida caminham intrinsecamente juntas. A luz faz com que os organismos vivos cresçam.

Como vimos antes, a eterna e vindoura Nova Jerusalém é descrita, no fim da Bíblia, nos seguintes termos: “E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Apocalipse 21:23).

E é aqui que o nó do entendimento está bem amarrado. Jesus Cristo é o Criador da luz do mundo físico de trevas e também é a Luz salvadora de um mundo que vive em trevas espirituais. Ele é Aquele que sempre existiu na eternidade junto com nosso Pai Celestial (versículo 22) que, além de vida, tem luz em Si mesmo. Novamente, a luz e a vida andam de mãos dadas.

Começando a experimentar o Reino de Deus

Então, temos algumas perguntas: Precisamos esperar até o futuro para experimentar esse Reino de luz e de vida de Deus? Será que só poderemos vivenciar todos os seus aspectos em um tempo definido no futuro? O quanto podemos nos aproximar dessa experiência da eternidade hoje?

Acerca da declaração de Jesus de que o “Reino de Deus está próximo”, em Marcos 1:14-15, o Comentário Interpreter’s Bible afirma: “Sem dúvida, esse foi o assunto principal do ensinamento de Jesus. As mudanças de opinião passaram por cima desse tema, sobre o que Jesus quis dizer com o reino de Deus, quase tanto como de qualquer outro assunto no Evangelho . . .

“Esse reino diz respeito ao reino de Deus e Sua soberania sobre a mente, o coração e a vontade e o mundo. Trata-se da conexão com Deus e das relações fraternas com os homens. Isso é para o futuro. Mas sempre que uma vida humana é colocada em harmonia com o propósito do Pai, isso se torna presente” (Vol. 7, 1987, p. 656).

Nosso Pai Celestial enviou Jesus à Terra para introduzir essa experiência do Reino. Ele é o Reino personificado. Ele era a eternidade que se fez carne para se conectar conosco. O Comentário continua: “Jesus chamou os homens ao arrependimento tão enfaticamente como o fez João [Batista]. Mas aqui há esse notável acréscimo: “creiam no evangelho” . . . Jesus nunca minimizou o pecado ou o arrependimento . . . Ele proclamou: Chegou um novo sistema. Procurem ter uma nova mentalidade para se encaixar nele”.

Jesus entregou uma nova diretriz para a vida daqueles que confiaram em Sua oferta de fraternidade, amizade e uma existência totalmente nova: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5:14-16, grifo nosso).

Iria demorar um pouco para eles entenderem seu chamado, mas, finalmente, fizeram isso no dia de Pentecostes em Jerusalém, quando estavam “todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2:1). Então, o Espírito de Deus se tornou parte deles.

Como o escritor Nicholas Thomas Wright descreve em seu livro Simply Jesus (Simplesmente Jesus, em tradução livre): “Um novo poder foi liberado no mundo, o poder de consertar o que estava estragado, de curar o que estava doente e de restaurar o que foi perdido” (2011, p. 193).

Essa foi uma espreitadela na eternidade em ação. A luz coletiva dos discípulos, imbuída pela luz viva do Espírito do Pai e de Cristo neles, era tangivelmente perceptível. Há um comentário notável desse processo sobre o momento em que eles foram levados perante as autoridades judaicas — as pessoas que estavam no julgamento “ficaram maravilhadas” com a ousadia daqueles discípulos que eles consideravam como incultos e perceberam “que eles haviam estado com Jesus” (Atos 4:13).

Eles eram, sem lugar a dúvidas, uma prova irrefutável. A vida, o amor e a luz Daquele com quem caminharam pelas estradas da Galileia e da Judéia agora viviam dentro deles!

E quanto a nós?

Vimos que a eternidade não é um reino a ser entendido por meio de instrumentos físicos de medição como uma régua ou relógio, mas diz respeito basicamente a um relacionamento em uma nova existência para a qual estamos sendo preparados e na qual se cumpre a oração de Cristo por Seus seguidores: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam um em Nós . . .” (João 17:21).

No decorrer desta série, nós demos uma olhada naquele mundo em que não haverá mais lágrimas, nem dor, nem tristeza, nem choro, nem noite, nem portões fechados, nem contaminação, nem maldição (Apocalipse 21-22).

Antes de parar de espiar essa eternidade, deixe-me chamar novamente a sua atenção para os últimos capítulos de Apocalipse e para o cenário final, que se assemelha ao Éden onde Deus habita e aonde mais uma vez Ele andará e falará com Sua criação especial glorificada, que finalmente se tornará inteiramente à imagem e semelhança de Jesus Cristo. Essas passagens nos mostram um jardim paradisíaco com um “rio puro de água da vida, claro como cristal” e “a árvore da vida...[com folhas] para a cura das nações” (Apocalipse 22:1-2).

Agora, para concluir, permita-me compartilhar uma breve e reflexiva análise. Podemos chamá-la de “Teste de Viver na Luz da Eternidade Hoje”. E, desculpe-me, mas as questões não são de múltipla escolha. As respostas devem ser sim ou não. Certamente, você não precisa entregar as respostas desse teste para ninguém, mas Deus já conhece todas nossas respostas até este ponto de nossa vida. Você está pronto?

• Será que nós, particularmente, trazemos vida, cura e “tempos de renovação” aos relacionamentos perdidos e sem esperança?

• Será que reservamos um lugar em nossa vida para as pessoas que nunca tiveram oportunidades?

• Temos construído muros ou pontes nos relacionamentos — e o que construímos primeiro?

• Usamos mais os ouvidos do que a boca e temos mais paciência do que raiva?

• Buscamos curas e soluções nas Escrituras para as pessoas que estão sofrendo na vida?

• Trazemos alegria para as vidas que estão cheias de tristeza?

• Enxugamos as lágrimas daqueles que choram ou os fazemos chorar ainda mais?

• Trazemos bênçãos onde havia apenas maldições?

• Levamos luz onde somente há trevas?

Em suma, as pessoas pensam em nós como nos discípulos de outrora, reconhecendo que estivemos com Jesus? Elas veem, evidentemente, a presença dEle em nossas vidas, após aceitarmos Seu chamado para essa jornada rumo à eternidade?

Se esse teste parecer difícil para você, entenda que é para ser assim mesmo. Todos nós temos lições e trabalhos árduos e pessoais a fazer em nossa peregrinação rumo ao reino da eternidade.

Continue no caminho para a vida eterna enquanto responde ao convite de seguir a Jesus. E lembre-se sempre de Seu encorajamento pessoal a cada discípulo: “Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos” (Mateus 28:20). À medida que Ele ilumina nosso caminho e vive em nós, também podemos ser luz e viver o futuro agora como antecipação da plenitude dessa eternidade que ainda está por vir!