A Igreja

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A Igreja de Deus do Novo Testamento começou no dia de Pentecostes, após a ascensão de Jesus Cristo ao céu. Deus derramou Seu Espírito sobre os discípulos reunidos naquele dia em obediência à ordem de Cristo de permanecer em Jerusalém (Lucas 24:49; Atos 2:1-4; 5:32). E, nos dias que se seguiram, Deus acrescentava “à igreja aqueles que se haviam de salvar” (Atos 2:47).

A palavra igreja é usada para traduzir a palavra grega ekklesia. Na época da redação do Novo Testamento, ekklesia era uma palavra comum para reuniões cívicas, formada a partir da forma substantiva do verbo kaleo (que significa "chamar") e do prefixo ek (que significa "para fora de"). Do termo kaleo também advém as palavras klesis ("chamado") e kletos ("convidado").

Portanto, a palavra composta ekklesia significa um corpo de pessoas "convocadas" para reunir-se, assim como a antiga Israel foi chamada do Egito para se reunir diante de Deus como "a congregação [ekklesia] no deserto" (Atos 7:38). A palavra ekklesia foi usada na tradução grega da Septuaginta do Antigo Testamento em muitas citações do termo hebraico kahal, geralmente traduzido como "assembleia" ou "congregação" nas Bíblias em português.

E na primeira ocorrência da palavra ekklesia no Novo Testamento, Jesus fez esta promessa durante Seu ministério: "Edificarei a Minha igreja" (Mateus 16:18) ou "Estarei edificando a Minha assembleia" (Bíblia de Estudos LTT). Ele estava se referindo ao estabelecimento de uma reunião de pessoas convocada e que compartilhavam uma identidade comum.

Aqui o aspecto da palavra chamado é vital. Em 1 Coríntios 1:2, o apóstolo Paulo se refere à “igreja [ekklesia, ou chamados para fora] de Deus...chamados [kletos] santos [santificados — aqueles separados]”. Esse chamado especial de Deus e a presença do Espírito Santo na mente daqueles que atendem a esse chamado é que identificam a Igreja de Deus como uma assembleia peculiar de pessoas (Atos 2:38-39; Romanos 8:9, 28-30; 1 Coríntios 1:9; 2:12-13; Efésios 4:3-6).

Ao se referir a esse chamado, Jesus disse: “Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, o não trouxer; e Eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44) e a menos que tenha sido concedido pelo Pai (versículo 65). Portanto, ninguém pode se tornar parte da Igreja por conta própria, como um ato unilateral. Pelo contrário, Deus inicia e guia esse processo, levando a pessoa ao arrependimento e ao batismo para remissão dos pecados e dando-lhe o dom do Espírito Santo (Atos 2:38), através do qual uma pessoa se torna membro da Igreja.

Como é a presença constante do Espírito de Deus que identifica e unifica o povo de Deus (1 Coríntios 12:12-13), a Igreja é um organismo espiritual. Figurativamente, seus membros são “pedras vivas... edificados casa espiritual” (1 Pedro 2:5). Deus Pai e Jesus Cristo vivem nessa "casa" de crentes através do Espírito Santo (João 14:23; 1 João 3:24).

Semelhantemente, Efésios 2:19-22 descreve a Igreja como um “templo santo . . . edificados para morada de Deus no Espírito”. O corpo físico de cada membro também é chamado de “templo do Espírito Santo” (1 Coríntios 6:19).

O simbolismo de um organismo espiritual unificado se encontra bem destacado no fato de que Jesus Cristo é referido como a Cabeça viva da Igreja, descrita como "o corpo de Cristo" (1 Coríntios 12:27; Efésios 1:22 -23; 4:12; Colossenses 1:18).

A Bíblia se refere a todo o Corpo de Cristo ou a uma congregação individual com o nome que a maioria das versões da Bíblia traduz como "a igreja de Deus" e, quando há mais de uma congregação, como "as igrejas de Deus" (plural). Em doze passagens do Novo Testamento, o nome da Igreja ocorre com a distinção "de Deus" (por exemplo, Atos 20:28; 1 Coríntios 10:32; 11:22; 15:9; 1 Timóteo 3:5). Isso está de acordo com a oração de Jesus na noite que antecedeu a Sua morte: “Pai santo, guarda em Teu nome aqueles que Me deste" (João 17:11).

Ademais, pelo fato de a Igreja ser o Corpo de Cristo e Ele ter se referido a ela como "Minha igreja", nós também vemos a descrição "igrejas de Cristo" (Romanos 16:16). Ainda assim, "a igreja de Deus" é o nome comum. E também vemos nomes de lugares usados para se referir a congregações específicas. Por exemplo, lemos sobre a “igreja de Deus que está em Corinto” (1 Coríntios 1:2; 2 Coríntios 1:1), a “igreja que está em Cencréia” (Romanos 16:1) e as “igrejas da Galácia” (Gálatas 1:2). Novamente, a referência diz respeito a uma reunião dos chamados.

Desde o início, Deus decidiu chamar Seu povo desta era: “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de Seu Filho... E aos que predestinou, a esses também chamou” (Romanos 8:29-30).

O objetivo é que eles sejam as “primícias” de Deus na “colheita” espiritual da humanidade — a primeira colheita de pessoas para a família de Deus antes de trazer o resto da humanidade para esse relacionamento após o retorno de Cristo (comparar Mateus 9:37-38; João 4:35; Romanos 8:23; Tiago 1:18). (Ver capítulos intitulados “As Festas Santas de Deus” e “As Ressurreições e o Julgamento  Eterno”).

Os fiéis patriarcas e profetas do Antigo Testamento estão entre essas primícias na formação da Igreja como templo espiritual de Deus — “edificados sobre o fundamento dos apóstolos [do Novo Testamento] e dos profetas [do Velho Testamento], de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Efésios 2:20).

Existem muitos paralelos entre a nação de Israel no Antigo Testamento e a Igreja de Deus do Novo Testamento. Os israelitas foram considerados primícias, mas desobedeceram a Deus (Oséias 9:10). Israel foi o "primogênito" de Deus (Êxodo 4:22). E a Igreja do Novo Testamento é a “universal assembleia e igreja dos primogênitos” (Hebreus 12:23).

Como mencionado, a princípio, Israel foi a ekklesia de Deus (congregação ou igreja dos chamados) no deserto (Atos 7:38). A nação deveria ser um “tesouro pessoal” para Deus, “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êxodo 19:5-6, NVI). E agora para Deus a Igreja é “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1 Pedro 2:9).

Em Romanos 11, Paulo explicou que, apesar da desobediência de toda a nação, sempre haveria um remanescente fiel de Israel — e que os israelitas que se arrependessem, junto com os gentios (não israelitas), poderiam ser enxertados em Israel. Ele disse aos gentios que se converteram ao cristianismo: "Se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa" (Gálatas 3:29).

E, em Romanos 2:25-29, ele explicou que ser considerado judeu é uma questão de obediência através de um coração reto no Espírito: “Judeu é aquele que o é interiormente”. Ele também se referia à Igreja como “Israel de Deus” (Gálatas 6:16).

Assim, a Igreja é a Israel espiritual. E algumas referências proféticas a Israel, Jerusalém e Sião se aplicam à Igreja. Esta não é uma teologia substitutiva, que alega que todas as profecias e promessas a Israel são cumpridas na Igreja. Pois está evidente que descendentes físicos de Israel ainda têm um papel a desempenhar. As promessas e as profecias sobre aquela nação ainda se aplicam a eles. (Ver capítulo intitulado “As Promessas da Aliança Abraâmica”). Em vez disso, a Igreja é precursora no relacionamento da aliança que Deus prometeu a Israel.

A nação de Israel violou a antiga aliança de Deus, portanto, a lição é que mesmo uma nação sendo abençoada com abundância e melhores leis e até a visível presença interventora de Deus não seriam suficientes para que houvesse uma obediência constante a Ele. Pois, isso somente seria possível através de uma mudança de coração.

Então, Deus disse que faria uma “nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá” (Jeremias 31:31, ARA; Hebreus 10:16-17) — uma aliança em que haveria perdão dos pecados e obediência leal e constante à lei de Deus, que seria escrita no coração das pessoas (cumprida pela morada do Espírito Santo nelas).

Essa aliança teve início com a Igreja. Na verdade, ela é uma aliança de casamento (ver Jeremias 31:32). A Igreja está noiva com Cristo e ela se casará espiritualmente com Cristo no momento de Seu retorno — esse relacionamento espiritual é o modelo para o casamento humano (Efésios 5:22-33; 2 Coríntios 11:2; Apocalipse 19:7, 9).

E, em preparação para essa época, Deus nos chamou para sair dos males deste mundo (João 17:15-16) e nos diferencia pela verdade de Sua Palavra (versículo 17). Jesus também comissionou diretamente Seus discípulos a proclamar o evangelho, ou boas novas, do Reino de Deus ao mundo como um testemunho (Marcos 16:15; Mateus 24:14). Ele também lhes disse que fizessem discípulos em todas as nações (Mateus 28:19), apascentando o rebanho de Cristo (ver João 21:17) e, seguindo os passos de João Batista, “preparar ao Senhor um povo bem disposto” (Lucas 1:17)

A proclamação do evangelho deve ser acompanhada de um chamado ao arrependimento (Marcos 1:14). Como parte disso, Jesus e Seus discípulos deram o exemplo e advertiram sobre as consequências do pecado — inclusive avisando sobre a futura destruição profetizada sobre as nações e as pessoas.

A obra de pregação da Igreja, juntamente com o testemunho da vida individual dos membros da Igreja, entrega uma poderosa mensagem de esperança e luz para um mundo de trevas (Filipenses 2:15; Mateus 5:14-16). Os membros da Igreja de Deus são transformados pela renovação de suas mentes através do poder do Espírito Santo de Deus (Romanos 12:2).

A Igreja também providencia um refúgio para a comunhão (Atos 2:42; 1 João 1:7), encorajamento (Hebreus 3:13; 10:24) e alimentação espiritual (Efésios 5:29; Colossenses 2:19). Deus entregou dons espirituais a todos os membros para a edificação do corpo (Romanos 12:3-8; 1 Coríntios 12:4-30; Efésios 4:7-8, 11-16). Esses dons devem ser usados com amor (1 Coríntios 13:1-3). O amor de uns pelos outros demonstra que os membros são mesmo discípulos de Jesus Cristo (João 13:34-35).

Como um corpo organizado e uma nação espiritual, os membros da Igreja têm papéis e responsabilidades diferentes. Alguns são colocados em posições de liderança para pregar, ensinar e ajudar aos membros a alcançar seu potencial, promover a unidade e proteger-se contra falsos ensinamentos (ver Efésios 4:11-16). O ministério de Jesus Cristo diz respeito a exercer Sua autoridade espiritual a serviço e benefício do povo de Deus. Cristo disse que “quem governa [deve ser] como quem serve” — seguindo Seu exemplo de servir e dar altruistamente (Lucas 22:26-27).

Parte da responsabilidade do ministério, juntamente com a proclamação do evangelho, é batizar e impor as mãos a novos convertidos para que recebam o Espírito Santo. (Ver capítulo intitulado “O Batismo”).

E, como parte dessa obra, eles também foram autorizados a, em nome de Jesus, expulsar demônios e impor as mãos sobre os enfermos com óleo de unção, rogando pela cura (Marcos 16:17-18; Tiago 5:13-18). Contudo, embora Deus tenha estabelecido essa autoridade e prática e frequentemente intervenha de acordo com ela, Ele também pode exigir mais condições, como fé, arrependimento, obediência e persistência na oração.

E mesmo assim, em Sua infinita sabedoria, há ocasiões em que Deus escolhe não intervir no momento ou da maneira que pedimos em oração. Ainda assim, confiamos que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito" (Romanos 8:28, ARA). O dever de todo cristão é “buscar primeiro o reino de Deus e a Sua justiça”, pois todas as suas outras necessidades serão atendidas (Mateus 6:33; ver versículos 25-34). (Ver capítulo intitulado “O Arrependimento e a Fé”).

E como a fé cristã “uma vez foi dada aos santos” durante o primeiro século (Judas 3), os membros da Igreja são incentivados a se apegar aos ensinamentos e tradições de Jesus Cristo e dos apóstolos, conforme encontrados nas Escrituras (2 Tessalonicenses 2:15). Entretanto, eles também foram advertidos contra falsos mestres, que proclamam um evangelho e uma representação diferentes de Jesus (2 Pedro 2:1; Gálatas 1:6-9; 2 Coríntios 11:4).

Paulo alertou que a apostasia surgiria na Igreja e levaria algumas pessoas ao erro (Atos 20:29-31). E ele escreveu sobre um “mistério da injustiça [que já] opera” (2 Tessalonicenses 2:7). Historicamente, a Igreja apostólica original, que cumpria estreitamente à lei de Deus, desapareceu do cenário quando um grande e falso cristianismo ganhou destaque. Hoje em dia, grande parte das chamadas religiões cristãs está repleta de ensinamentos e práticas advindas de antigas religiões e filosofias pagãs. Esse é um aspecto importante do que a Bíblia chama de “mistério, a grande Babilônia” (Apocalipse 17:5).

Apesar de quase sempre ter poucos adeptos e sofrer muitas perseguições, o verdadeiro cristianismo nunca desapareceu. Jesus prometeu que Sua Igreja nunca morreria (Mateus 16:18) e que nunca nos deixaria ou nos abandonaria (Hebreus 13:5). Ele prometeu estar com Seu povo "até à consumação dos séculos" (Mateus 28:19-20), capacitando-os a realizar Sua obra. Cremos que na Igreja de Deus Unida, uma Associação Internacional, continuamos com essa mesma tradição.

Quando Cristo retornar à Terra para estabelecer o Reino de Deus sobre todas as nações, as pessoas chamadas a Sua Igreja serão glorificadas e aperfeiçoadas através da ressurreição e transformação instantânea para governar com Ele (Apocalipse 2:26; 3:21; 5:10; Daniel 7:22, 26-27), tornando-se mestres e juízes sobre homens e até anjos (1 Coríntios 6:1-3). (Ver capítulo intitulado “O Propósito de Deus Para a Humanidade").

(Para mais informações, baixe ou solicite nossos guias de estudo bíblicos gratuitos A Igreja Que Jesus Edificou, Esta é a Igreja de Deus Unida e O Livro de Apocalipse Revelado).